Sandman - Do ponto de vista de quem não leu os quadrinhos
Sandman estreou causando um alarde nas redes sociais. Fãs da HQ de Neil Gaiman enalteceram a série devido à sua grande fidelidade aos quadrinhos, como uma das adaptações mais bem feitas da história. Mas e pra quem nunca leu o consagrado comic book, o que esperar da produção? Vem com a gente que vamos te contar o que foi Sandman pra quem conheceu esse universo apenas pela série lançada pela Netflix.
É importante deixar claro que este artigo é pessoal e vai focar apenas na impressão obtida após ver a série, sob o ponto de vista de quem realmente foi apresentado ao personagem e todo seu contexto apenas a partir dessa produção. O único conhecimento prévio que tinha era de que a série se baseava na obra de Neil Gaiman, assim como Deuses Americanos (2017 - 2021), Good Omens (2019 -), dentre outras.
Logo no primeiro episódio, somos apresentados ao personagem principal, Morpheus (Tom Sturridge), o Senhor do Sonhar, conhecido também como Sandman, devido à sua algibeira mágica, que contém a areia infinita utilizada por ele como ferramenta para diversas finalidades. Em várias mitologias pelo mundo, Sandman é conhecido como aquele que vem trazer o sono, jogando sua areia nos olhos das crianças, motivo pelo qual sentimos os olhos coçarem quando os olhos já estão pedindo para se fecharem. No reino do Sonhar, local para onde nossas mentes são levadas ao adormecermos, vemos que tanto os sonhos quanto os pesadelos foram criados para cumprir determinadas missões. Afinal, que progresso teria o homem se não tivesse primeiro sonhado com o inalcançável? Ou quantas vezes somos ensinados até onde vão nossos limites após um terrível pesadelo? Tudo tem o seu propósito!
O mais impressionante na série é a forma poética com que tudo é tratado. Enquanto a maior parte dos filmes e séries são sobre uma jornada em que os significados filosóficos ou poéticos estão apenas nas entrelinhas, ou em um segundo plano, reservado apenas para os espectadores mais atentos, em Sandman, particularmente até o 6º episódio, estes aspectos são o principal elemento, onde a jornada contada é apenas um acessório para conduzir o espectador até as mensagens profundas trazidas.
A forma com que a essência humana é abordada no episódio 05 (Sem parar), por exemplo, é extremamente impactante. Como o simples desejo de que todos dissessem apenas a verdade, sem esconder nada em seus corações, pode fazer um estrago tão grande? A sociedade humana parece depender muito mais das pequenas mentiras ou segredos íntimos do que gostaria de admitir. Por outro lado, a representação da morte no episódio 06 (O som de suas asas) é simplesmente sublime, de tão suave. Poético! Se você já passou pela experiência de perder um ente querido, não há como não ser impactado e, de certa forma, até confortado por este episódio.
Já os episódios 07 a 10 contam um arco mais próximo do tradicional, com um vilão bem estabelecido, uma garota que assume o papel de heroína da sua própria história, na busca pelo seu irmão mais novo perdido, descobrindo aos poucos a extensão dos seus poderes. Mesmo assim, o elemento poético não é deixado de lado e é trazido à tona em cada um dos sonhos dos personagens, que expressão seus desejos mais profundos.
Sandman é muito mais que uma história sendo contada, é uma oportunidade para refletir sobre vida em todos os seus aspectos. A começar pela natureza de seus personagens principais, os Perpétuos: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio, os 7 irmãos que, ao contrário dos deuses, que precisam que as pessoas acreditem neles para existirem, os Perpétuos existem desde a eternidade e para sempre, quer você acredite, quer não.
E você, o que achou da série? Já conhecia a obra de Neil Gaiman? Conta aqui pra gente nos comentários e aproveita pra conferir outros trabalhos com Tom Sturridge, o astro de Sandman, clicando aqui!
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